O Corpo, na Jornada Mover
Escolha! Um caminho possível para tratar de assuntos que emergem e ecoam. A experiência de exercitar a presenta constantemente, integra em mim a possibilidade de não me desprender de minhas naturezas. As vezes os tempos são doloridos e confusos, como este que passamos agora, mas ele também foi um convite para mim. Com todos os projetos do Mover Espaços (que possui sua natureza mais potencializadora nos encontros de pessoas e grupos de forma presencial) estacionados por motivo do isolamento, me senti chamada a não me separar totalmente dos propósitos que estavam tão claros para mim, e reestruturei alguns conteúdos e neste quase dois meses criei, ou melhor, está se criando com os integrantes, a Jornada do Mover.
“O convite era de habitar o corpo. Seria uma viajem por caminhos outros a partir dele. O que a pele, os ossos, meus espaços internos poderiam revelar? Como perceber as mudanças tônicas quando eu de fato experimentasse meu corpo em pausa, passivo ou num fluxo de movimento ativo, veloz e intenso, atento?
Não haveria outra maneira a não ser passar a habitá-lo e percebê-lo”.
Passo a movimentar meus pensamentos reflexivos a partir do momento em que sinto uma necessidade de entender os meus espaços vazios, a sensação de incompletude. Entender estes espaços para tomar decisões de como e se vou preenchê-los, além de tocá-los, durante este ‘percursovida’” nas circunstâncias e convites da vida cotidiana.
Não sei ao certo se meu movimento dançado e minhas relações com o trabalho e a família têm acompanhado esta comunhão com o laborar deste corpo, mas sinto que esta tem sido uma necessidade e um desejo, além de ter sido uma árdua prática (por sentir que os chamados do mundo são contraditórios e insistentemente invasores). O desejo pauta um “lugar/forma/espaço” que estou encontrando para continuar “me criando”, me dando contorno e abertura para os “chamamentos” do mundo e do meu interior, que me tragam integridade, vitalidade e criatividade.
Somente habitando este corpo ( exercendo a presença e lidando com o que encontramos, seja lá qual for este conteúdo), atentos à “ética do cuidado de si”, entendendo que nada nos é dado prontamente e que é o feitio que exercerá a força da experiência, podemos tocar a possibilidade deste caminho pessoal. ( 2015 )
Escrevi este texto em 2015, trecho da monografia que muitas vezes cito nos posts deste blog, e senti que muito se transformou, mas que esta ação de labor de fato acontece em muitas jornadas da vida. Me manter com a sensação de vivacidade apurada e atenta, é extremamente importante para meu feminino, meu trabalho, meu ser criativo, criador, para minha dança, sobretudo para meus estudos e aprofundamentos das técnicas pelas quais me aproprio para construir um repertório educativo em dança, a mais de 15 anos.
A Jornada veio neste momento.
No Espaço Expressão, escola onde atuo como diretora, fundadora e também como uma das professoras, a dança se manteve viva e importante para os alunos. A dança contemporânea e a metodologia, pautada na autonomia do aluno, realizada no Espaço, sempre teve este carácter de ensinar técnicas e suas diversidades, mas sobretudo e princialmente, em gerar movimento que indicasse caminhos criativos para nossos alunos, os métodos somáticos formam a base de muitos trabalhos crianças, adultos e idosos. Este tem sido nosso método, e é neste ser criador, bailarino ou não, que investimos nossos tempos de estudo e criação.
A Jornada Mover veio para ser algo a mais na tentativa de reunir um grupo de pessoas que se interessam pelo universo da dança e por elementos diversos que a compõe, como práticas de cuidado de si, estudos de movimentos, processos criativos etc, mas também pessoas que possuem outras habilidades, trabalhos e ocupações e que pudessem neste grupo ter espaços para elaborar, criar, co-criar e compartilhar suas elaborações.
Todo este processo é alimentado por métodos de Arte-terapia e Terapia Ocupacional, formações que tenho e percebo estarem bem vivas neste momento de isolamento. Os temas da Eutonia são os trilhos que regem grande parte de todos os nossos métodos ou frentes de ação, com a Cia, o Espaço e casa artística e principalmente o Mover Espaços.
O grupo se fez, seriam 16 pessoas, mas abri para 22 integrantes, fechamos com 24! Uma turma bem interessante que ao longo de 3 meses farão aulas de dança, práticas de eutonia e instigações artísticas e expressivas, que vou trazendo nos momentos que chamamos de trilhas.
Espero compartilhar com vocês algumas elaboração que estamos criando neste caminho!
A dança é o que nos MOVE!
Acompanhe!
Informações sobre formação do novo grupo da Jornada do Mover pelo e-mail: moverespaços@gmail.com